UFRGS CHAMA 334 SUSPEITOS DE FRAUDAR COTAS


Suspeitos de fraudarem o sistema de cotas raciais, 334 estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram convocados a comparecer diante de uma comissão de aferição.
Se os integrantes da comissão concluírem que os estudantes não são negros, a universidade dará início ao procedimento para desligá-los.
Cada aluno recebeu uma notificação pessoal e sigilosa para comparecer em dia e turno determinados. A universidade prefere não informar ao público geral onde será realizada a aferição.
— Tomamos todo o cuidado de resguardo, de sigilo, para que fatores externos não interfiram na executabilidade de um procedimento cercado de contrariedade e de oposição — afirma Edilson Nabarro, vice-coordenador da Coordenadoria de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas.
A UFRGS montou duas comissões de cinco pessoas, que vão trabalhar simultaneamente, recebendo um estudante de cada vez. Elas são formadas por professores e técnicos da instituição, com diversidade de gênero e raça. A aferição será silenciosa, baseada apenas na avaliação do fenótipo, ou seja, das características físicas. O resultado será disponibilizado no Portal do Aluno. Se discordar do parecer, o estudante poderá recorrer administrativamente.
Pela lei 12.711 de 2012, as universidades federais devem reservar 50% das matrículas por curso e por turno a oriundos do Ensino Médio público. Uma parte dessas vagas é reservada a estudantes que se autodeclaram pretos ou pardos — os negros. O critério da autodeclaração tem gerado uma série de denúncias de fraudes Brasil afora. No ano passado, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) afastou 26 estudantes da Medicina que teriam ingressado como cotistas raciais sem ser negros. A maior parte deles conseguiu voltar aos cursos com o amparo de liminares.
A UFRGS vinha investigando alguns casos isolados até que, neste ano, coletivos negros ligados a diferentes cursos começaram a fazer levantamentos sobre fraudes. A partir da união desses coletivos, surgiu o Balanta, movimento que entregou à universidade, em julho, um dossiê que apontava mais de 400 possíveis fraudadores. A partir dessa denúncia, a universidade fez uma triagem que resultou nos 334 casos em avaliação.
— Os alunos fizeram a denúncia tendo como base de informação os candidatos classificados no vestibular. Mas nem sempre os classificados têm a matrícula. Às vezes, ele passou em outra universidade ou desistiu do curso. Excluímos esses que não têm vínculo e aqueles que, por engano, não eram cotistas raciais, mas cotistas sociais — explica Nabarro.
Além do procedimento montado para avaliar alunos que já estão matriculados, a UFRGS criou um sistema para verificar as autodeclarações dos ingressantes. O edital para o vestibular de 2018, publicado em outubro, informa que no ano que vem os candidatos terão de comparecer perante uma comissão de verificação da autodeclaração étnico-racial. Só poderão se matricular se esse comitê validar que são pardos ou pretos.
Em entrevista recente a GaúchaZH, o reitor da UFRGS, Rui Oppermann, explicou a decisão de criar uma mecanismo de aferição.
— Vou fazer uma confissão na condição de ex-membro da comissão que sugeriu a política de cotas e ações afirmativas para a UFRGS. Nós confiamos na natureza humana e confiamos que a natureza humana faria com que as auto declarações estivessem fundamentadas apenas na verdade. Mas é fato, infelizmente, que isso não acontece sempre. Ao longo do tempo, principalmente depois de 2012, quando se estabeleceu o critério de pretos, pardos e indígenas para as cotas, começou a se avolumar o número de denúncias de fraudes na autodeclaração. Então, a natureza humana é falha. Nesta idade, a gente já deveria ter reconhecido isso.
Fonte: portal de notícias Gaúcha ZH



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