MOBILIZAÇÃO CONTRA ASSÉDIO E ESTUPROS EM UNIVERSIDADES


Os casos recentes de assédio e estupros em universidades federais do Sul de Minas levantaram discussões entre as estudantes. Com pesquisas e campanhas, coletivos e grupos de alunas tentam dar apoio às vítimas e evitar que novos crimes aconteçam.
O último caso de estupro de uma estudante da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) foi no fim de agosto. A universitária foi atacada em uma república e o suspeito é um estudante do mesmo local.
Com a repercussão do caso, os estudantes se viram diante de uma realidade preocupante – a prática de assédio e abuso sexual tem sido comum. Um coletivo feminino fez uma pesquisa para constatar os casos.
“Foram cerca de 450 respostas e, por exemplo, 86% já foram tocadas sem consentimento”, explica Camila Ichii, representante do coletivo. A pesquisa é de 2017, mas é a primeira vez que é divulgada.
O levantamento foi feito com mulheres estudantes que frequentam os mesmos bares e eventos em Itajubá (MG). Além da pesquisa, o coletivo também recebeu pela internet depoimentos anônimos.
Em um dos depoimentos, uma estudante relata o abuso. “Acordei com o cara beijando meu pescoço e com a mão debaixo da minha saia. No dia seguinte, fui pro hospital, fizeram exame e descobri que fui drogada”.
Também há relatos de assédio por parte de professores. “Era meu professor e coordenador. Eu não aceitava e ele prejudicava minhas notas”.
Outra estudante entrevistada pela equipe da EPTV contou sobre um abuso sofrido este ano. “Ele tava em cima de mim, eu pedi para ele parar, que eu não queria mais e não tava confortável com aquilo. Ele ignorou o que eu falei. Eu não tive reação, não consegui evitar, não consegui fazer nada. Ele só saiu depois que ele terminou de fazer o que ele queria”.
Para as estudantes, é difícil superar o trauma da violência. “É uma coisa que fica marcada na gente. Por mais que a gente supere, a gente nunca vai esquecer”.
Na Universidade Federal de Lavras, as universitárias fizeram uma campanha chamada #MeAssediaramNaUfla. “A gente recebe casos desde assédio entre professor e aluna, até colegas de projeto de pesquisa, por exemplo”, conta a estudante Maria Carolina Oliveira.
“Nos informam que isso é cada vez mais comum na universidade e isso inspirou a gente a criar o coletivo pra que essas situações de violência foram amenizadas ou coibidas”, explica a estudante Ana Clara Presciliano.
Sobre o estupro registrado em agosto, a Unifei se manifestou em uma nota de repúdio, dizendo que é contra atos de violência, especialmente com mulheres. Também em nota, a Universidade Federal de Lavras disse que repudia veementemente qualquer prática de assédio e tem por regra denunciar todos os casos denunciados na ouvidoria e nos demais canais de comunicação.
A Ufla explicou ainda que considera pertinentes as discussões levantadas pelas estudantes e que apoia campanhas pela coordenadoria de diversidade e diferenças.
Fonte: G1 portal de notícias



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