CYBERBULLYING É DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL DURANTE O EAD


Em 7 de abril é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Neste ano, a educação enfrenta novos desafios relativos à violência sofrida por estudantes por causa do modelo de educação virtual que foi imposto devido à pandemia. Adaptadas ao modelo presencial, onde são impactadas pelo bullying, as instituições de ensino entram agora na dimensão virtual e podem ser espaço para práticas do cyberbullying, antes fora do ambiente escolar.
No contexto de pandemia, não só as modalidades de ensino, mas as demandas dos estudantes transformaram as práticas de educação socioemocional nas escolas. Para trabalhar essas novas demandas e atuar no combate à violência escolas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ressalta a importância de habilidades de inteligência emocional, implementadas obrigatoriamente a partir de 2020, para um ambiente mais acolhedor e diverso. A data do Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola foi escolhida em decorrência do marco da tragédia de Realengo (RJ), quando um ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira atirou em estudantes presentes na instituição. O objetivo da instituição desse marco é alertar para a importância de combater a violência escolar.
De acordo com a BNCC, é responsabilidade da escola trabalhar competências que tenham compromisso “com a formação humana integral e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”. Ao definir as competências, a diretriz afirma reconhecer que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”.
Com o uso mais intensificado da internet em decorrência do isolamento social, tem sido necessário se atentar aos problemas presentes no cenário virtual. Uma dessas questões que impactam diariamente a vida de crianças e adolescentes é o bullying praticado virtualmente, ou cyberbullying.
De acordo com Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do Laboratório Inteligência de Vida (LIV), organização que auxilia escolas no desenvolvimento de um programa de ensino socioemocional, esse tópico era discutido na educação, mas não estava diretamente ligado à atividade escolar. “A diferença é que ele acontecia fora da escola, era justamente o campo onde a escola não tinha acesso”, explica.
Ela reforça que os educadores devem ficar atentos às movimentações no chat durante à aula e possíveis constrangimentos. Outra questão importante é a obrigatoriedade das câmeras ligadas durante a aula, questão que perpassa por indicativos socioeconômicos, como a estrutura da própria casa do estudante. “A gente não estava preparado para receber a escola em casa”, aponta a especialista.
As transições entre as modalidades híbrida, presencial e remota, além das incertezas em relação ao ensino durante a pandemia também abalam os estudantes. Sejam eles do ensino básico ou superior.
De acordo com Simone Lavorato, psicóloga, professora de neuroeducação e atuante na área de competências socioemocionais na Rede Pedagógica, o “vai-vem” de modalidades traz insegurança para os jovens.
“Ele não sabe o que vai acontecer com ele e essa insegurança abala emocionalmente a criança”, explica. Além disso, quando o estudante retorna ao ensino presencial “ele tem um contato com os amigos, mas não é da mesma forma”. Todos esses fatores podem gerar um desgaste nos alunos, nos professores e nos pais, que sofreram com um aumento de carga de responsabilidades com a necessidade de maior acompanhamento dos filhos.
A doutora em educação recomenda se manter calmo e sem pensar muito no futuro. “Essa expectativa de que as coisas vão normalizar gera uma ansiedade”, explica.
Simone ainda aponta que “a competência socioemocional deve ser desenvolvida de maneira interdisciplinar e transdisciplinar”. A psicóloga explica que o espaço do desenvolvimento dessas habilidades deve ser implementado não só em um horário específico, mas integrar as demais disciplinas da grade curricular por meio de atividades e dinâmicas.



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