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Unicamp suspende acordo com centro de pesquisa israelense
O reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Paulo Cesar Montagne, anunciou hoje a ruptura de um acoordo de cooperação que a instituição tem com o Instituto Tecnológico Technion, de Israel, motivado pela crise humanitária provocada pela guerra em Gaza. Num documento em que citou a palavra "genocídio", Montagner afirmou que "a situação se deteriorou de tal forma que as violações aos direitos humanos e à dignidade da população palestina se transformaram em uma constante inaceitável".
Com a decisão da universidade, fica encerrado o programa de colaboração em projetos científicos e intercâmbio de estudantes, professores e cientistas que existia desde 2023. O protocolo de colaboração foi assinado algumas semanas antes de os atentados terroristas do Hamas desencadearem a guerra em Gaza. O anúncio da decisão por parte do reitor ocorreu numa tarde em que alunos da Unicamp faziam um protesto, cobrando a adoção dessa medida pelo conselho universitário. Com Montagner decidindo unilateralmente pela suspensão do acordo, a votação no colegiado foi suspensa, afirmou comunicado da universidade.
Um dos setores da Unicamp que mais pressionou pela medida foi a Faculdade de Educação (FE), que ajudou a articular um comitê de apoio à Palestina na universidade. Ainda ontem, a congregação da Faculdade aprovou uma moção própria pedindo o rompimento do acordo. Segundo a FE, a decisão foi tomada não por o Tecnhion ser uma instituição israelense, mas por ser um núcleo de pesquisa bélica e de segurança. A instituição "não apenas facilitou o nascimento da indústria militar israelense, como também continua a apoiar as vendas internacionais desses armamentos", diz o texto da moção.
Alguns professores da Unicamp também vinham pressionando pela ruptura do acordo, uma medida que pode ter poucas consequências práticas mas que teria uma relevância simbólica. "Não há tecnologia neutra no Estado de exceção. O Technion opera como laboratório do extermínio, transformando conhecimento em arma ? e a Unicamp não pode ser cúmplice dessa perversão fáustica da ciência", escreveu Laymert Garcia dos Santos, professor do Departamento de Sociologia da Unicamp, em artigo no mês passado para o site A Terra é Redonda.
(Fonte: O Globo)
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