![]()  | 
    ||
 
Ensino profissionalizante: valorização faz aumentar busca por cursos técnicosO ensino técnico de nível médio vive um momento de expansão no Brasil. Impulsionado por políticas públicas, novas demandas do mercado e uma mudança de percepção sobre o valor da formação profissional, o número de matrículas cresce de forma constante. O que antes era exceção começa a se tornar tendência, embora o País ainda esteja abaixo da média mundial. Entre 2022 e 2023, as matrículas aumentaram 12,1%, chegando a 2,4 milhões de estudantes, segundo o Inep. Em 2024, o total subiu novamente, alcançando 2,57 milhões. A proporção de jovens matriculados no ensino técnico passou de 8% em 2013 para 14% em 2023, segundo o relatório Education at a Glance, da OCDE. A formação, conhecida como Educação Profissional e Tecnológica (EPT), é oferecida por escolas estaduais, privadas, institutos federais e pelo Sistema S, que reúne o Senai e o Senac. 
 Os números se traduzem em vivências como a de Eloísa Cezarino Lima, 17 anos, aluna do curso técnico em Enfermagem no Ensino Médio Integrado ao Técnico Einstein, do Einstein Hospital Israelita. “Queria algo novo. Sempre busquei uma profissão versátil. Encontrei o combo que queria: versatilidade e prática”, conta. A escola reúne cerca de 300 alunos e oferece estágios no próprio hospital, aproximando o estudante da rotina real da profissão. “O ensino alia formação acadêmica, desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais em um contexto robusto de horas de estágio na cultura institucional. O ambiente prático é parte essencial da formação”, explica o diretor Blaidi Sant’Anna. 
 Segundo o Censo Escolar 2024, os eixos “Gestão” e “Ambiente e Saúde” concentram a maior procura por cursos integrados, somando mais de 106 mil matrículas. No Einstein, a demanda pela modalidade cresceu 13% em dois anos. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-SP) aposta na diversidade de cursos, outra característica que comprova o avanço do ensino técnico. “Combinamos cursos tradicionais, como Administração e Marketing, com áreas que dialogam com os interesses das novas gerações, como Inteligência Artificial e Multimídia”, diz Fernanda Yamamoto, coordenadora de Ensino Médio Técnico, Pesquisa e Inovação de EPT do Senac-SP. A estratégia ajuda a manter o índice de evasão em torno de 1%, bem abaixo da média nacional de 5,9%, na visão da especialista. 
 O Ensino Médio Técnico oferece currículo integrado entre formação geral e técnica para turmas formadas por 50% de estudantes pagantes e de 50% bolsistas. Ao concluir o 3º ano, além das certificações intermediárias, também recebem seu diploma de ensino médio e técnico, podendo dar continuidade aos estudos. Hoje, o modelo está presente em 28 escolas com mais de 10 mil estudantes no estado. A rede possui o Senac Nações Unidas, a maior escola privada de Ensino Médio Técnico do País de acordo com o último Censo Escolar (2024). Ao todo, 2320 alunos circulavam pelas instalações do Centro Universitário Santo Amaro. São dois prédios acadêmicos, com 109 salas de aula e 136 laboratórios — sendo 53 de Tecnologia da Informação e outros específicos por área. O estudante Brenno Figueiredo de Souza está no 3º ano do curso de Multimídia. “O mercado de trabalho de precisa de profissionais com essa experiência. O ensino técnico permite que você tenha maior fixação, que você se envolva mais. Além disso, ele dá uma experiência profissionalizante”, diz o aluno de 18 anos. 
 A reformulação do currículo nacional, em 2022, abriu espaço para itinerários formativos que articulam a formação geral com a Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Esse movimento fortaleceu o modelo adotado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi) em São Paulo. Desde 2023, os estudantes das 140 escolas da rede Sesi-SP podem cursar gratuitamente o quinto itinerário, junção da formação no ensino médio com o ensino técnico-profissional oferecido pelo Senai-SP. Para a rede pública de ensino, o Senai-SP oferece cursos técnicos por meio de parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo desde 2024. 
 Lilian Engracia dos Santos, supervisora Técnico Educacional do Sesi-SP, destaca que os jovens adquirem algo a mais que o conhecimento prático e tecnológico, como habilidades como pensamento crítico e preocupação social. “O Ensino Médio Sesi-SP, com convênio com o Senai-SP é uma proposta educacional inovadora, que une a excelência acadêmica e a expertise em educação profissional das duas entidades para formar cidadãos competentes, com senso coletivo e compromisso social”, diz a supervisora. Em todas as modalidades, o foco está nas necessidades da indústria, como explica o professor Carlos Coelho, diretor da Unidade Senai de Biotecnologia. “Comitês técnicos, com a presença de representantes da indústria, ajudam a definir os perfis de profissionais que estão sendo formados, com revisões constantes por causa dos avanços tecnológicos”. 
 A procura pelo ensino técnico também é uma realidade nas escolas públicas. As Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), do Governo de São Paulo, registraram aumento no número de jovens interessados em cursar o Ensino Médio integrado ao Técnico nos últimos anos. Entre 2021 e 2025, o número de candidatos inscritos no processo seletivo chamado “Vestibulinho” teve elevação de 78%, passando de 108.553 para 193.671 inscrições. Os dados são do Centro Paula Souza (CPS), autarquia estadual que administra 228 Escolas Técnicas (Etecs), 83 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais e 345 classes descentralizadas. Atualmente, o CPS tem mais de 316 mil alunos em cursos técnicos de nível médio e superiores tecnológicos. 
 Em 2025, a Secretaria da Educação de São Paulo informa que segue empenhada em ampliar o ensino técnico no estado. Entre as principais medidas cita o programa Bolsa Estágio Ensino Médio (BEEM) que oferece oportunidade de trabalho para estudantes. Os alunos da rede têm acesso a vagas de estágio em empresas parceiras, com bolsas mensais de R$422,03 a R$851,46. A Seduc-SP deve conceder, até o fim deste ano, 10 mil bolsas. São 145 mil estudantes no ensino técnico integrado ao ensino médio - em 2024, a pasta afirma que eram 66,2 mil. 
 Embora as escolas particulares de elite não ofereçam o ensino profissionalizante de forma tradicional, com certificado e carga horária específica, várias oferecem disciplinas específicas de formação profissional. Na rede Start Anglo Bilingual School, que integra o grupo Somos Educação, existem duas disciplinas com esse objetivo. O Empreendedorismo Criativo procuram incentivar a veia empreendedora. Já o Leadership Mentoring ajuda os alunos a fazerem escolhas mais conscientes, seja na hora de escolher uma faculdade ou ingressar no mercado de trabalho. “Já temos exemplos concretos de aplicação. Na unidade Start Alphaville, alunos da 2ª série criaram uma marca própria de essências e velas aromatizadas”, diz Juliana Diniz, diretora da Start Anglo Bilingual School. 
 Já o Colégio Humboldt, uma das 140 escolas alemãs oficiais credenciadas pelo governo do país europeu, une a formação acadêmica ao estágio em uma empresa. A formação tem duração de dois anos, intercalando dois dias de teoria na Instituição de Ensino e três dias de prática em uma empresa parceira por semana. O aprendizado é voltado para alunos que concluíram o Ensino Médio e têm conhecimento de alemão. Desde 1982, foram mais de 2 mil alunos formados e mais de 250 empresas parceiras ao longo dos anos. 
 (Fonte: O Estado de São Paulo) 
  | ||||
| Boletim Diretor - Colégio 24 Horas | ||||