COMBATE AO BULLYING NA ESCOLA EXIGE PREVENÇÃO E PLANO DETALHADO DE AÇÃO

Cultura de convivência ética, formação adequada de todos os profissionais da escola, canais de comunicação e escuta e protagonismo dos estudantes. Tudo isso refletido em um plano antibullying detalhado e transparente. Esses são ingredientes essenciais de uma atuação bem-sucedida de combate ao bullying em qualquer escola, segundo a especialista Adriana Ramos, professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. "A escola deve ter um projeto que seja um retrato do que coloca em prática efetivamente, incluindo as ações de prevenção, que ainda são o melhor caminho", afirma. É assim que as famílias podem saber qual a postura da escola em relação às questões da convivência, que abrange o bullying, mas também outras violências, como o racismo e a homofobia. "É preciso reafirmar alguns valores, como o de que é inadmissível desrespeitar e humilhar alguém, ainda mais em uma sociedade que, muitas vezes, confunde esse tipo de comportamento com uma simples brincadeira", destaca. No movimento de construção de uma cultura de convivência ética, o Colégio Equipe, no bairro de Higienópolis, na região central de São Paulo, busca fortalecer o senso de comunidade, por meio de atividades que valorizam as diferenças e promovem as interações para além dos círculos de amizade mais próximos. "É uma forma de quebrar os papéis sociais solidificados no dia a dia, fazendo com que os alunos se conheçam para além dos estereótipos e descubram novas afinidades", comenta Luciana Fevorini, diretora da escola. Para que a convivência se dê de forma respeitosa, mesmo com a possibilidade de conflitos, naturais na infância e na adolescência, o Colégio Vital Brazil, na zona oeste da cidade, atua na prevenção em várias direções, com destaque para a escuta ativa dos estudantes e a preparação dos professores e demais funcionários. "Todos os nossos professores estão preparados para ouvir o que os alunos têm a dizer e, igualmente importante, mediar as discussões e dar uma devolutiva", afirma Cátia de Freitas Alves, coordenadora pedagógica. No Centro Educacional Pioneiro, situado na zona sul de São Paulo, o protagonismo das crianças e jovens no combate ao bullying vai ainda mais longe. Do sexto ano do ensino fundamental até o ensino médio o colégio mantém equipes de ajuda formadas pelos próprios alunos, escolhidos pelas turmas e que passam por uma capacitação específica, a fim de atuar na mediação de conflitos e na escuta ativa dos colegas. "Essas equipes fortalecem a confiança e o relacionamento entre eles e, ao mesmo tempo, sabem quando devem levar as questões para a gestão da escola", explica o diretor pedagógico Mário Fioranelli. Por mais efetivas que sejam as medidas preventivas, no entanto, é importante que famílias tenham em mente que nenhuma escola está livre da possibilidade de ocorrência de situações de bullying e cyberbullying. Assim, as instituições de ensino que se destacam nessa área contam com um protocolo claro de ações, que vão muito além de eventuais punições e incluem necessariamente um trabalho educativo com todos os envolvidos e o diálogo transparente com as famílias. Nesse sentido, o maior desafio enfrentado pelos educadores atualmente é o cyberbullying. "A partir de uma certa idade, são raras situações de bullying sem cyberbullying, o que amplia a repercussão e os danos, muitas vezes mesmo sem a repetição", comenta a especialista Adriana Ramos. De acordo com o protocolo do MEC, o bullying é todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo, praticado contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar ou agredir, causando dor e angústia, em uma relação de desigualdade de poder. O cyberbullying tem as mesmas características, mas utiliza as tecnologias digitais. Embora o bullying possa incluir condutas previstas como crimes (como injúria, ameaça, difamação ou racismo, por exemplo), nem toda violência escolar configura bullying. A diferenciação é essencial para que medidas educativas, protetivas e, eventualmente, jurídicas sejam adotadas. As escolas devem ter um projeto de identificação, prevenção e intervenção em relação a situações de bullying e cyberbullying. A prevenção abrange uma série de medidas, tais como: campanhas educativas; discussão sistemática e transversal do temas; espaços seguros de escuta; formação continuada dos professores e funcionários; mobilização das famílias e da comunidade. Em casos de bullying, a intervenção deve seguir um fluxo que inclui: acolhimento da vítima; interrupção da violência; encaminhamentos adequados para apoio psicossocial de todos os envolvidos no ciclo do bullying; orientação e apoio às famílias da vítima e do agressor; além de ações restaurativas ou disciplinares. (Fonte: Folha de São Paulo)

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