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UNIVERSIDADES PRIVADAS ENTENDEM QUE NÚMERO DE ALUNOS NA EAD CHEGOU AO PICO
O setor das instituições privadas de ensino observou nos dados do Censo de Educação Superior de 2024 que a educação à distância pode ter chegado ao seu pico. A avaliação do mercado é a de que o semipresencial deve passar a dominar as matrículas num futuro próximo. A perspectiva no mercado é de que o presencial desidrate ainda mais e só seja predominante entre os cinco cursos ? Direito, Medicina, Psicologia, Odontologia e Enfermagem ? que não podem ser oferecidos de outra maneira. Em 2024, o número de alunos à distância passou pela primeira vez na história o de cursos presenciais no ensino superior. O levantamento também mostra que, também de forma inédita, o Brasil ultrapassou a marca de 10 milhões de matrículas nesta etapa escolar.
O modelo semipresencial é uma novidade do novo marco regulatório criado pelo Ministério da Educação (MEC) neste ano e que deve começar a ser oferecido a partir de 2026. Alguns cursos, como as licenciaturas (formação de professores em Matemática, História, Letras, etc) e alguns da área de Saúde só poderão ser oferecidos nesta modalidade ou de forma presencial ? o modelo à distância passará a ser vetado. No ensino semipresencial, a oferta terá metade das aulas na modalidade à distância, 30% da carga em aulas on-line ao vivo (que contarão presença e só poderão ter até 70 alunos por turma) e 20% presencial. ?A conversa geral do setor é que vai haver uma migração de alunos do presencial, que não seja desses cinco cursos ( Direito, Medicina, Psicologia, Odontologia e Enfermagem), para o semipresencial. E do EAD para o semipresencial vai haver uma migração forçada nas áreas que não poderão mais ser oferecidos à distância. Isso vai fortalecer esse novo mecanismo de oferta?, afirmou Paulo Chanan, diretor-geral da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
A avaliação é compartilhada pelo Semesp, outro representante relevante do setor. Lúcia Teixeira, presidente da entidade, lembra que até 2022 a modalidade crescia a taxa de que superavam 20 pontos percentuais ao ano. De 2023 para 2024, isso caiu para só 1%. Segundo ela, isso pode indicar que saturação do modelo. ?A nova regulamentação deve reforçar essa desaceleração: com regras mais rígidas e aumento esperado das mensalidades. O resultado provável não é uma retomada do ensino presencial, mas sim uma migração mais intensa para o formato semipresencial?, analisa.
O Censo divulgado pelo MEC nesta segunda mostra ainda que 90% das instituições do país são particulares e totalizam quase 80% das matrículas de graduação, sendo responsáveis por mais de 8 milhões de estudantes. ?Os dados do Censo da Educação Superior de 2024 evidenciam não apenas a relevância, mas a responsabilidade que o setor privado tem na construção de um Brasil mais desenvolvido, inclusivo e preparado para os desafios do futuro?, afirma o diretor-presidente da ABMES, Janguiê Diniz.
O número de alunos à distância passou pela primeira vez na história o de cursos presenciais no ensino superior. O levantamento também mostra que, também de forma inédita, o Brasil ultrapassou a marca de 10 milhões de matrículas nesta etapa escolar. Em 2024, o país teve 5,1 milhões de alunos à distância e 5 milhões em graduações presenciais. Uma década atrás, em 2014, esses patamares eram de 1,3 milhões e 6,4 milhões, respectivamente. Os dados também apontam que o número de ingressantes de cursos on-line em 2024 (3,3 milhões) foi o dobro das graduações presenciais (1,6 milhões).
Por conta da explosão de matrículas à distância, o MEC decretou em 2025 novas regras para o ensino à distância (EaD) no país, chamado de novo marco regulatório. A preocupação do governo se dá por conta de questionamentos sobre a qualidade dessa formação. As críticas se dão especialmente pelo fato de algumas profissões que exigem aprendizado prático, como enfermeiros e professores, estarem sendo formados com carga horária on-line cada vez maior. Alguns casos, como as licenciaturas, possuem apenas os estágios sendo realizados presencialmente. No entanto, essas mudanças vão impactar os números de matrículas somente a partir de 2026. Em 2024, ano a que se refere os dados divulgados pelo Censo de Educação Superior nesta segunda, as mudanças no EaD ainda estavam em formulação. Já em 2025 as instituições de ensino receberam as novas regras e estão se adequando para começarem a cumpri-las a partir de 2026.
(Fonte: O Globo)
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