1ª FASE DA FUVEST É MARCADA POR INTERDISCIPLINARIDADE E TEMAS ATUAIS

A 1ª fase da Fuvest, aplicada no último domingo (23), foi marcada pelas mudanças anunciadas neste ano, entre elas uma abordagem mais interdisciplinar. A prova integrou de maneira mais direta conteúdos de filosofia, sociologia, artes e educação física, seguindo as diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). De acordo com professores ouvidos pela Folha, a alteração foi percebida tanto na estrutura como nos temas, que dialogaram com debates contemporâneos e cruzaram diferentes áreas do conhecimento. Entre os itens que mais repercutiram entre os candidatos estão questões sobre Caetano Veloso e sobre a chamada uberização do trabalho, além da discussão sobre a recente demonização da CLT entre jovens. Na parte de química, a alteração ficou evidente para os educadores da área. Segundo Eduardo da Silva Machado, professor do Colégio Oficina do Estudante, houve mais questões de cálculo e com mais etapas de resolução, o que deixou a prova mais trabalhosa. Henrique Romero, professor de química da Escola SEB AZ Lafaiete, avaliou que o nível se manteve dentro do esperado. Ele disse, contudo, que chamou atenção a ausência de química orgânica na prova, recorrente em edições anteriores. Romero citou como destaque uma questão que discutia o gasto energético da geração de imagens por Inteligência Artificial e suas emissões de CO₂, exemplo que considerou bem alinhado à atualidade. Em física, houve redução no número de questões. Emerson Conceição Júnior, professor do Cursinho da Poli, classificou a prova como de nível médio. Segundo o educador, parte do conteúdo de física também apareceu de forma interdisciplinar em textos da prova de inglês. Em humanas, os professores também observaram mudanças estruturais. Para Felipe Mello, professor de história do Colégio Oficina do Estudante, o nível foi mediano, com enunciados mais longos exigindo atenção redobrada. Ele apontou questões sobre povos indígenas, escravidão, islamismo e democracia ateniense, temas clássicos cobrados com boa exigência. A interdisciplinaridade também apareceu em língua portuguesa. Segundo Willy Rocha, professor da Escola SEB AZ Lafaiete, as 24 questões da área dialogavam intensamente com outras disciplinas. Entre os exemplos ele citou uma questão sobre Caetano Veloso que explicava a escolha do nome de Maria Bethânia e outra que relacionava obras literárias ao histórico de leis e políticas para mulheres no Brasil. Mesmo com as mudanças, a estrutura da prova continua a mesma. A primeira fase tem 90 questões de múltipla escolha; na segunda serão aplicadas a redação e dez questões dissertativas de português no primeiro dia, seguidas de 12 questões específicas no segundo. Outra mudança está na lista de leituras obrigatórias. Pela primeira vez, todas as obras exigidas são de autoras mulheres, decisão válida até 2028, segundo a USP. Estão entre os títulos "Opúsculo Humanitário", de Nísia Floresta, "As Meninas", de Lygia Fagundes Telles, e "Canção para Ninar Menino Grande", de Conceição Evaristo. A partir de 2029 a lista voltará a incluir autores homens. A USP manteve o total de 11,1 mil vagas para seus cursos de graduação no vestibular 2026. As oportunidades são distribuídas entre três formas de ingresso: Fuvest, Enem USP e Provão Paulista. A Fuvest continua como principal canal de acesso, com 8.147 vagas, sendo 4.888 de ampla concorrência, 2.053 destinadas a alunos de escola pública e 1.206 para candidatos de escola pública pretos, pardos e indígenas (EP/PPI). Medicina mantém a liderança entre os cursos mais disputados, com 90,7 candidatos por vaga. Pelo vestibular, são 244 vagas.A segunda fase será em 14 e 15 de dezembro. A primeira chamada está prevista para 23 de janeiro de 2026. (Fonte: Folha de São Paulo)

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