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Como pais e professores podem ajudar na reta final do Enem
Ansiedade, oscilação de humor, autocobrança e sobrecarga são comuns na reta final para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ter o suporte da família e dos professores faz a diferença nesse momento, quando a preparação envolve também gestão emocional e rotina equilibrada. Ao g1, especialistas reforçam que os pais e a escola têm papéis complementares no caminho até o vestibular. Enquanto os professores reforçam os conteúdos importantes e orientam quanto às estratégias de prova, cabe aos pais assegurar o apoio emocional e logístico para que uma rotina saudável seja mantida.
"Não descuidar do sono, da alimentação, da hidratação e do exercício físico pode fazer muita diferença no resultado final", aponta Idelfrânio Moreira, gerente executivo de ensino e inovações do SAS Educação. Pode ser um desafio oferecer ajuda sem transformar a prova em uma fonte de tensão e cobrança dentro de casa. Moreira lembra que o Enem "acaba sendo um evento importante para a família toda", logo, é natural que os pais tenham as próprias aflições. "Para cuidar do outro, é preciso cuidar de si primeiro: em caso de ansiedade ou agitação dos pais, o cuidado deve começar consigo mesmo", alerta Moreira.
Atitudes como manter o diálogo aberto, respeitar os momentos de descanso e evitar comparações ajudam a preservar a autoconfiança do estudante. "O aluno que se importa em fazer uma boa prova e quer muito o resultado já se cobra o suficiente ? às vezes, mais que o necessário. O papel da família está no acolhimento emocional e no incentivo", nota. Por isso, é importante ter "conversas francas sobre os possíveis resultados e imaginar cenários futuros, para que o estudante sinta segurança", recomenda Moreira.
O psicólogo Eduardo Takayuki Katto, do Curso Anglo, ressalta que o estresse relacionado ao vestibular não começa somente há algumas semanas das provas, mas acompanha o aluno durante todo o ano letivo. Katto indica que os pais se informem sobre as provas, conversem com os professores e com os próprios filhos, para entender as estratégias e objetivos pretendidos. O primeiro passo para conseguir dar o suporte necessário é entender o que vem pela frente e ter empatia com a realidade do adolescente, sabendo de antemão que o desafio não se limita ao alto volume de conteúdos para estudar.
Ao longo do ano, o jovem precisa ser lembrado do próprio progresso, principalmente nos momentos de exaustão, em que a autoconfiança oscila. Frases motivadoras como "você não está atrasado, está no seu próprio tempo?, por exemplo, fortalecem o estudante, enquanto falas como ?fulano passou direto do colégio? e ?eu não precisei de cursinho, basta se esforçar? desestabilizam, e devem ser evitadas. "Os vestibulares não avaliam apenas o conhecimento acumulado ao longo dos meses e anos de preparação, mas também como o candidato consegue lidar com os diferentes desafios apresentados, sejam físicos ou emocionais ? muitas vezes, uma mistura dos dois", destaca Katto.
Às vésperas do Enem, e principalmente nos dias de prova, o ideal é que o aluno se sinta tranquilo e amparado, para poder concentrar toda a energia em fazer o seu melhor. A preparação para o Enem e outros vestibulares é mais efetiva quando escola e família estão alinhadas. Reuniões, grupos de mensagem e conversas informais podem ajudar a identificar sinais de sobrecarga e, quando necessário, a acionar profissionais capazes de oferecer suporte especializado aos estudantes, como psicólogos e outros especialistas.
Pais e professores não têm a capacidade de tornar o processo menos pesado, lembra o psicólogo, mas podem dividir alguns dos fardos carregados pelos estudantes. "A ansiedade e cansaço fazem parte do processo, precisamos considerar estes fatores ao oferecer conselhos e suporte, respeitando os limites do jovem e sua autonomia", diz Katto. Quando o professor demonstra empatia pelas dificuldades dos alunos e confiança no potencial de cada um, há ganhos significativos na redução da ansiedade coletiva que, naturalmente, se estende por toda a turma.
"É muito comum a perda da rotina quanto maior a ansiedade para o grande dia da prova. A escola também pode ajudar discutindo aspectos como hidratação, alimentação, exercícios, sono e momentos de lazer", aponta Moreira. Moreira acrescenta: os estudantes e suas respectivas famílias são diferentes e vivem contextos diversos. "As ações podem variar, mas para todos vale o princípio de que escola, família e estudantes devem ter um mesmo foco e objetivo: a prova e a aprovação". Segundo os especialistas, há diversas boas práticas para pais e professores na preparação para o Enem, tais como: garantir uma rotina equilibrada; ambiente tranquilo; gestos e palavras de motivação; momentos de lazer; diálogo aberto; oferecer ajuda em vez de interferir rigidamente; evitar cobrar resultados com base em comparações; e valorizar as pequenas conquistas.
(Fonte: G1)
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