|
Adolescente de Niterói, coleciona prêmios na área do conhecimento.
A diversão de Theo Correia, 13, é participar de olimpíadas do conhecimento. Interessado em diferentes áreas, o adolescente de Niterói coleciona mais de 60 medalhas nas competições intelectuais. Mas se engana quem pensa que ele passa horas trancado num cômodo estudando. "Não é o meu tipo", afirma. Para ele, importa mais consistência do que quantidade. "Gosto muito de fazer três questões por dia, 30 minutinhos de estudo. Fazer pouco todos os dias acho que leva muito longe?.
O gosto pelos estudos vem pelo incentivo familiar, mas não como uma obrigação para cumprir as demandas escolares. Aprender está no dia a dia. "Foi natural, não me lembro de ele não perguntando coisas científicas e querendo saber de tudo", diz a mãe, Priscila Correia, 40, formada em letras e jornalismo. A família sempre priorizou a exploração e a curiosidade no lugar das telas. Em casa, livros de biologia, botânica e astronomia entretinham Theo. Nas saídas, estar na natureza com lupa e binóculo era a diversão. "Se era para ele aprender, que fosse dessa forma, sendo o cientista da natureza. Ele gostava de ficar observando as formigas e os insetos."
A avó Lourdes Correia, 60, também é do meio educacional. Começou a dar aulas de inglês aos 14 anos e seguiu carreira em instituições até os 54. Nesse meio tempo, se formou em pedagogia e criou um curso preparatório para vestibular em que a filha Priscila dava aula de redação. "O Theo adora ler, começou na leitura. Depois, a gente viu que ele estava indo para as exatas", diz a avó. O garoto logo fala sobre os autores que admira, como o físico Stephen Hawking e o astrofísico Neil deGrasse Tyson. "Gosto do jeito que eles escrevem e passam as ideias."
Além da mãe e da avó, Theo se inspira no irmão mais novo, Benjamin, 7, que está começando a se interessar pelas olimpíadas também. No mundo, ele admira a história de Malala e Greta Thunberg, que o inspiram ainda mais pela educação e por um mundo mais sustentável. O campo das exatas está no coração, mas ele flerta com história e geografia. "Acho que revelam bastante sobre o tempo que a gente está, os tempos que passaram e me fazem refletir um pouquinho sobre outras realidades, outras visões. Gosto bastante de cidadania também".
A Olimpíada de Matemática foi a primeira de que Theo participou, aos 10 anos, seguida pela Olimpíada Nacional de Ciências ? levou bronze nas duas. "Me senti pertencente àquilo, gostei do desafio", conta. No ano seguinte, fez a Olimpíada Canguru de Matemática, mas não levou nada, porque, como diz, focou na medalha em vez de focar no desafio e na diversão. "Tive uma crise de ansiedade ali."
Ao notar a tristeza do filho, vendo que era algo importante para ele, Priscila pesquisou e encontrou a Olimpíada Mandacaru de Matemática, que resgataria o senso de diversão do menino. Hoje, a competição está entre as preferidas, pois usa referências da cultura nordestina nas questões. No começo, a mãe ficou receosa com as olimpíadas, pois não queria que se criasse no filho o rótulo do "super nerd". Mas vendo que ele fazia tudo com empolgação, sem cobranças, passou a incentivar. Atualmente, Theo é embaixador da plataforma Medalhei, que incentiva a comunidade olímpica do conhecimento.
Na escola onde estuda, o menino criou um comitê olímpico, em que se reúne uma vez por semana com estudantes interessados na jornada. Logo no segundo encontro, 70 participaram. Para ele, é uma forma agradável de passar adiante o que sabe e a paixão pelo conhecimento. Ele mesmo prepara as folhas de questões, mas preza também pela socialização do momento. "Deixo eles debaterem, conversarem e incentivo bastante as pessoas a se divertirem fazendo as questões." Outro auxílio é para conter a ansiedade, devido à experiência que passou. "Tento incentivar as pessoas a gostarem não só da medalha. A medalha é ótima, mas enferruja. O conhecimento fica?.
Tornar o momento lúdico e usar exemplos da realidade são estratégias de Theo para aprender e ensinar. "Gosto muito de fazer experimentos de física, em que eu solto um objeto de uma altura específica, faço conta e falo o tempo que o objeto vai cair. Aí coloco no cronômetro para ver". Ele diz que colocar em prática torna o entendimento mais fácil e mais mágico, porque gosta quando a teoria dá certo. Mas e se não der? "Tento de novo, não desisto."
No momento, Theo pensa em se formar em física, ser astrofísico e se empolga ao falar de quando conseguiu ver um alinhamento planetário. "Quero muito chegar lá e tornar o mundo um lugar melhor, às vezes até chegar na Nasa". Como não foi habituado a telas, o jovem usa o celular apenas para estudar. "Não sou muito chegado a mídias sociais, uso bem de vez em quando só para passar minhas experiências com olimpíadas adiante", diz. Outro uso é para driblar dificuldades nos experimentos que faz. "Costumo pesquisar mais em livros, mas pesquiso no Google e em sites mais confiáveis?.
"Com estudo, a gente vai longe", disse Theo algumas vezes. Por isso, ele critica a onda de crianças e adolescentes que se opõem ao emprego CLT e não veem valor nos estudos. "Do fundo do meu âmago, acho isso um problema", afirma. Outra onda é a da inteligência artificial, que ele vê como um risco para a inteligência humana. "É muito importante você manter o estudo e não deixar a máquina tomar o lugar do ser humano na hora de pensar. Por exemplo, fazer o dever de casa com inteligência artificial, pra mim, é um absurdo."
(Fonte: UOL)
| |